Geral
Tudo ou Nada, de Nilton Bustamante
TUDO E NADA
Eu falei com os olhos.
Eu insinuei com as palavras.
Eu me apaixonei. Mas você insiste em propalar aos quatro cantos, o frio da sua solidão.
Eu subo nos telhados.
Eu me agarro nas caudas dos cometas, viajo.
Eu me precipitei?
Mas você acostumou-se em ser solo em seu filme; no diálogo em que quer ter com a vida; e nem desconfia.
Eu sou seu cachorrinho amigo e tolo abanando a cauda, na esperança de chamar atenção.
Eu sou o ombro confortante que engole em seco os desabafos das suas desilusões.
Eu sou somente quem ouve do outro lado da linha as suas indagações e revoltas com a vida.
Mas você atribui o carma viajante de vidas passadas pelo seu jardim sem flores.
Eu faço das nuvens coração flechado que sangra gostoso por você.
Eu me faço nave-resgate sem rota, sem mapa, a buscar os seus sonhos que se perderam.
Eu a homenageio jogando-lhe pétalas e suave perfume a fim de sentir-se realeza.
Mas você reclama o caminho torto.
Como é mesmo intrigante esta coisa de amor, de paixão, de querer:
Eu querendo ser tudo, não sou nada.
Você achando que é nada, é tudo.