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Setor de avicultura pode iniciar demissões em março

Por Fernanda Mathias, Campo Grande News  em 27 de janeiro de 2009 - 09:25

Afetado por um conjunto de fatores, que passa principalmente pela crise internacional, o setor de avicultura passa por um momento delicado e em âmbito nacional já ocorrem demissões em massa. Em Mato Grosso do Sul, a previsão, se o cenário não se reverter, é que ocorram demissões progressivas, a partir de março.

A informação é do presidente da Associação Sul-mato-grossense dos Avicultores, Albenah Garcia Filho. Ele explica que a falta de crédito para exportação, combinada com as dúvidas sobre a extensão dos efeitos da crise e o fato de os principais compradores internacionais serem dependentes do petróleo, que sofreu forte desvalorização, causaram um baque nas exportações.

Outro problema diz respeito ao porto de Itajaí (SC), que sofreu assoreamento, por conta das chuvas, comprometendo a capacidade de carregamento e descarregamento. O porto é o principal usado para escoamento da carne de aves. “Além disso, no hemisfério norte é inverno e se compra menos”, acrescenta.

Segundo Garcia, com as exportações afetadas muitas empresas direcionaram um volume maior ao mercado interno, o que derrubou o preço. Tomando como exemplo Mato Grosso do Sul ele diz que hoje o quilo é entregue entre R$ 2,10 e R$ 2,20, para os supermercados, quando em outubro o preço era de R$ 3,00.

A queda nas exportações e, por conseqüência, na produção é mensurada pelo alojamento de pintos. No País, em outubro, eram 480 milhões de aves alojadas e caiu a 435 milhões em novembro. Já em dezembro, por conta do consumo de Natal, ficou em 440 milhões e a tendência é que neste mês o número se iguale, na melhor das hipóteses.

Em Mato Grosso do Sul a primeira empresa a manifestar dificuldades foi a Diplomata, em Campo Grande. O grupo, antigo Frangovit, abatia um volume expressivo de aves – 40 mil ao dia de um total de 500 mil abates ao dia em todo o Estado. Em dezembro demitiu mais de 400 funcionários e suspendeu, por tempo indeterminado, todas as atividades.

Garcia diz que se o cenário se mantiver haverá demissões. Ele diz que em âmbito nacional elas já ocorrem e cita que a Sadia recentemente dispensou 300 executivos. O mês de março será decisivo para as indústrias, que hoje sustentam 5 mil empregos diretos em Mato Grosso do Sul. Para cada emprego direto são calculados outros dois indiretos, entre integrado, produtor de grão, fábrica de ração e transportador.