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Mercadante volta a colocar cargo a disposição
Brasília - Enfraquecido depois que a Executiva Nacional do partido determinou que os senadores petistas votassem pelo arquivamento das acusações contra o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), o líder da bancada, Aloizio Mercadante (SP), mais uma vez colocou o cargo à disposição. Meu cargo está à disposição da bancada. Só não quero aprofundar a crise, reafirmou.
Em entrevista à imprensa convocada para tentar explicar a crise que atinge a bancada - só hoje (19) o partido perdeu dois senadores Marina Silva (AC) e Flávio Arns (PR) -, Mercadante discordou publicamente da postura da direção nacional do partido e disse que só permanece à frente da bancada por solidariedade aos companheiros. Na ocasião, sete dos agora 11 membros da bancada no Senado estavam presentes.
A decisão da Executiva Nacional do partido impôs uma disciplina partidária que tenho dúvidas profundas se foi o melhor caminho para a bancada. Seguramente, para o Senado e para bancada não tenha sido, disse o líder petista.
Não reivindico continuar como líder, não pleiteio. Só não sou uma pessoa de deixar minha bancada e meu partido em uma situação tão difícil. Nunca fiz isso na história do PT. Tenho 37 anos de militância, 30 anos de PT e sempre atravessei todas as tempestades junto com meu partido e minha militância. Estou aqui hoje por solidariedade à bancada para cumprir o papel e não deixar meus companheiros expostos, argumentou.
Mercadante responsabilizou Sarney pela crise no Senado e também dentro do PT. Teríamos que aprofundar as investigações e as reformas. Essa sempre foi a postura da bancada. A crise do Senado, a crise da bancada são de responsabilidade do presidente José Sarney. Ele deveria ter se licenciado como um gesto de grandeza, argumentou.
Em relação à crítica de seu colega de partido, senador Delcídio Amaral (MS), que o acusou de abandonar os senadores no Conselho de Ética, Mercadante justificou que não poderia conduzir um processo contrário às suas posturas e convicções. Mantive minha posição em todos os momentos. Disse que não encaminharia posição contrária às minhas convicções. Não acho que os senadores [do PT] votaram por decisão própria. Fizeram constrangidos, argumentou.
O líder também afirmou que sofreu pressões para substituir os senadores petistas Delcídio e Ideli Salvatti (SC) e evitar o risco de votos contra Sarney. Não tinha condições de substituir e colocar, inclusive, pessoas de fora da bancada. Prefiro enfrentar essa crise de frente, expondo as divergências da nossa bancada, que são profundas, afirmou.
Hoje a senadora Marina Silva deixou o partido e o senador Flávio Arns também anunciou seu desligamento. O preço político é muito grande, o que reforça que o melhor caminho era o da bancada. Minha vontade hoje era de sair da liderança, porque sinto que não consegui enfrentar essa crise com as nossas posições. Coloquei isso em todas as reuniões, inclusive para o presidente Lula, disse Mercadante.
Edição: Lílian Beraldo