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Manoel Afonso: vendeu seu voto? AZAR SEU!

Por Manoel Afonso  em 07 de outubro de 2008 - 07:27

“Ouvir a voz da consciência na hora de escolher o candidato” – é papo de filósofo – sonhador - que vive fora da real. Infelizmente é assim que pensa parte dos nossos eleitores. E nestas eleições, dos grotões às grandes metrópoles, com certeza não deve ter sido diferente.
Com motivos pessoais para desconfiar da conduta da classe política, o eleitor anônimo – esse que luta duramente para sobreviver – que sofre com o péssimo transporte, com a falta de assistência médica tanto nos postos de saúde como nos hospitais do SUS, que vive aterrorizado com o aumento da violência e da falta de perspectivas de um futuro melhor, pode ter encontrado mais uma vez, nas eleições, a chance de obter algum “lucro”.
A conta errônea que esse tipo de eleitor pode ser prática: “se posso levar vantagem imediata, não há porque esperar os tais benefícios sociais no duvidoso futuro.” A receita médica, o material de construção, o sofá, os pneus do carro, os óculos, a dentadura ou a carta de motorista podem figurar na sua lista de prioridades, cuja concretização depende do político ou governante.
O que esse eleitor não sabe é que ele acabou fazendo um péssimo negócio do qual não poderá reclamar. Ao barganhar seu voto perdeu automaticamente o direito de reclamar da conduta daquele candidato com o qual negociou. Para esse eleitor não há “Lei do Consumidor” para protegê-lo no futuro. Dançou, como se diz na gíria.
Imaginar que o advento da urna eletrônico pudesse acabar com a venda do voto é acreditar em Branca de Neve. Essas “transações” são feitas em ambientes fechados, longe de testemunhas ou câmeras. Mas ainda assim, os jornais estão noticiando os inúmeros casos envolvendo listas de eleitores e dinheiro para pagamento de votos.
Pelo jeito, vai demorar muito tempo para que essa conduta seja extirpada do nosso processo eleitoral. A democracia não resolveu esse câncer e a solução só virá com uma sociedade aculturada, que tenha condições de analisar a sua importância na escolha de seus representantes. Um dia talvez!


Manoel Afonso
(comentarista da TV.Record-MS)
(mcritica@terra.com.br)