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Mandioca tem novo preço de garantia

Por Cristiane Sandim  em 02 de março de 2004 - 10:00

Muito já se discutiu sobre os gargalos que envolvem a cultura da mandioca no Estado e um dos fatos que mais preocupa a todos os envolvidos é a questão econômica da produção. Atualmente o preço da mandioca para a indústria oscila em torno de R$ 320,00 por tonelada, segundo informações da Secretaria da Produção e do Turismo do Estado (Seprotur). "Esse fato deve gerar, em safras futuras, um crescimento de área plantada e como conseqüência uma nova queda nos preços da matéria prima nos anos seguintes", é o que prevê o secretário
executivo da Câmara Setorial da Mandioca da Seprotur, Carlos Gonçalves. Pensando nisso a Câmara e seus integrantes pré-estabeleceram as ações estratégicas que devem ser desenvolvidas ao longo desse ano para permitir uma sustentabilidade do setor.

A base é través do Programa Plantio Responsável, que tem por objetivo promover o desenvolvimento sustentável da cadeia produtiva da mandioca, considerando as demandas do mercado e a capacidade instalada das indústrias em Mato Grosso do Sul, produtores, indústrias, pesquisadores, entre outros que integram a Câmara Setorial, estiveram reunidos para discutirem um novo preço de garantia. A estratégia para se chegar a esse valor foi apresentada pelo pesquisador da Embrapa Dourados, Geraldo Melo, que apresentou uma estimativa de custos de
produção da safra 2003/2004. Segundo o pesquisador o custo médio por tonelada chegou a R$ 105,00. Após um longo debate ficou definido que o novo preço mínimo de referência para os contratos de compra e venda é
de R$ 175,00 a tonelada. "É importante lembrarmos que esse valor é pago ao produtor somente quando a remuneração por parte do mercado for inferior ao mesmo. Mas isso só se aplica aqueles que possuem um
contrato de compra e venda. Isso faz com que a estipulação de um preço mínimo seja animador, pois garante um retorno para todos os envolvidos", explica Carlos Gonçalves.

Desde o ano passado, quando esse processo começou a ser implantado, os resultados alcançados vêem se superando. Com a recuperação da área plantada em 2003 a expectativa de colheita esse ano deve ser superior
a 30 mil hectares. Já o crédito rural, que era de R$ 1.903.000,00, em 2002, subiu para R$ 12.365.000,00 no ano passado sendo que em muitos casos a antecipação da negociação da verba para os meses de abril a
junho desse ano está confirmada. Isso sem contar que o número de contratos de financiamento aumentou em mais de 85% passando de 265 para 2.418 beneficiando mais de 30 municípios. Na tendência de ampliação 13 fecularias aderiram ao sistema de parcerias, efetuando 1.552 contratos de compra e venda entre indústria e produtor. Esses contratos garantem a comercialização em 2004 de 241.880 toneladas de mandioca, o que é equivalente a uma área de 12.094 hectares e representa uma média de 405 da expectativa de plantio.

Outra novidade tem agitado a classe produtora da mandioca no Estado. É a possibilidade do grupo holandês, Avebe S.A., maior produtor mundial de amido de batata, instalar uma indústria para produção do amido de mandioca em Mato Grosso do Sul. Para tratar do assunto diretores da cooperativa, o secretário executivo da Câmara Setorial, Carlos Gonçalves, entre outros se reuniram no último dia 18 de março. "Há grandes possibilidades de ser efetivada a implantação dessa indústria. Nós ainda devemos continuar mantendo contato até que se chega a uma conclusão final, pois é de grande interesse do Estado que o grupo Avebe invista nas nossas terras e contribua com a nossa economia", analisa Carlos Gonçalves. Em princípio, os holandeses estão interessados na região do Bolsão, pelas propriedades favoráveis do solo e facilidade de transporte.

No Brasil, o grupo chegou em setembro de 2000, mantendo uma base no município de Guairá (PR). Por confiar no potencial do país foi que decidiram instalar uma indústria com capacidade para enriquecimento de 60 mil toneladas de amido por ano, na primeira fase, podendo atingir 150 mil toneladas no estágio final. Partindo desse pressuposto, para atender essa demanda, MS terá que ampliar em 50% a área atualmente plantada com mandioca. Para o secretário de Receita e Controle, Paulo Ricardo Cabral, para suprir a fábrica que a Avebe pretende instalar,
são necessários 12 mil hectares da lavoura, o que representa cerca de 5 mil novos empregos no campo, além dos postos de trabalho abertos na linha de industrialização. O que resultaria em um investimento de aproximadamente R$ 25 milhões. Cabral enfatizou que os empresários holandeses estão vindo em um momento muito positivo para o Estado, que recuperou o equilíbrio financeiro e a capacidade de investimento, com grandes perspectivas de desenvolvimento graças à valorização dos comodities agropecuários no mercado internacional.

Visando ampliar ainda mais a capacidade instalada, o Governo Popular articula a atração de novos investimentos pra o setor. Ao todo 17 empreendimentos, com previsão de investimentos na ordem de R$ 116 milhões estão protocolados junto ao Conselho de Desenvolvimento Industrial (CDI) da Seprotur.