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Livros-caixa revelam "mensalão" no governo Zeca do PT
Dois livros-ata apresentados pelo Ministério Público Estadual dão peso à suspeita de que existia um mensalão durante o governo de Zeca do PT, com pagamentos irregulares a políticos, funcionários públicos e outras pessoas alheias à administração. As provas sobre o caixa dois foram apreendidas no dia 21 de junho deste ano, durante operação da Unicoc/Gaeco, e incorporados a processos que tramitam contra o ex-governador e outros integrantes de seus governos.
Os livros foram encontrados na residência de Salete Terezinha de Luca ex-assessora-Executiva e ex-coordenadora de Despesas da Secretaria de Estado de Governo e na de uma amiga de Ivanete Leite Martins, ex-servidora pública e responsável pelas primeiras denúncias sobre pagamentos feitos a gráficas por serviços nunca entregues. O primeiro livro, conforme o MPE, tinha a denominação de lista de autoridades.
Conforme se depreende da leitura de tais documentos, ficou evidenciada a existência de caixa dois para pagamento de mensal a parlamentares e funcionários públicos (como complementação de salário) e para despesas particulares do ex-governador José Orcírio Miranda dos Santos, apontaram os promotores, ao encaminharem os livros-ata à Justiça na última quinta-feira (25 de outubro).
O fato desses documentos serem guardados na residência de ex-funcionárias públicas de maneira clandestina, fora da contabilidade oficial do Estado também reforça, conforme o MPE, a tese de que existia um controle paralelo de gastos pelos denunciados. Dentre os beneficiários, estão congressistas e ex-congressistas do PT, vereadores (também petistas e de partidos aliados), ex-titulares de secretarias de Estado e órgãos da administração direta e indireta.
A forma de discriminação dos valores, na interpretação do MPE, aponta para a existência de pagamentos também de eventos ou despesas permanentes, entre R$ 900 (jantar) e R$ 23,8 mil (passagens).
Os dois livros foram encaminhados à 2ª Vara Criminal da Capital, onde também tramitam os processos contra Zeca do PT e os demais citados no esquema de irregularidade. Esses documentos serão anexados às matérias como provas. Os promotores lembram, ainda, que os livros serão submetidos à perícia criminal, se tornando objeto de investigação no que tocante àquelas pessoas que não possuem prerrogativa de foro [privilegiado]. Os acusados, dentre eles o ex-governador, deverão ser ouvidos nos dias 25 e 26 de março de 2008.