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Leia - Língua Portuguesa, Inculta e Bela!
Língua Portuguesa, Inculta e Bela
Alcides Silva
Flexão do Infinitivo I
O uso das fórmulas flexionadas ou não flexionadas do infinitivo é um idiomatismo (sinônimo de idiotismo, do grego idios = próprio) da língua portuguesa. Só nela existe o infinitivo pessoal. Apesar disso, é uma das questões sintáticas mais controvertidas, com regras que alguns gramáticos dizem ser insuficientes e até desnecessárias.
O emprego do infinitivo é antes de tudo uma questão de ordem estilística, de clareza do texto.
Relembrando: o infinitivo pode ser impessoal, sem flexão, que é o nome do verbo, não tem sujeito, nem tempo e indica a ação de um modo geral: Ler é um hábito que adquiri em criança; e pessoal, que tem um sujeito próprio e pode ou não flexionar-se: Julgo teres (tu) lido bastante.
Do emaranhado de regras existentes, uma norma geral deve ser guardada: a que manda verificar se os sujeitos dos dois verbos são iguais ou diferentes. Quando iguais, usa-se o infinitivo pessoal: Vi surgirem duas crianças- Comprei o livro para estudarmos.
Hoje vamos verificar somente o emprego da forma não flexionada.
O infinitivo é impessoal:
a - quando não se refere a nenhum sujeito: Impossível assobiar e chupar cana ao mesmo tempo;
b - quanto tem valor imperativo: Não fumar - Não beber- Seguir em frente- Passar pelo direita (autores há que chamam essas formas de imperativo cortês, porque não havendo pessoa, deixa de dirigir-se diretamente a quem lê, sem, contudo, perder o caráter de uma ordem;
c - no caso de voz passiva formada com infinitivo regido pela preposição de: São palavras duras de dizer (= de serem ditas) - Trabalho fácil de fazer (= de ser feito);
d - o verbo parecer quando empregado junto com outro verbo, pode ser flexionado ou não. Se o verbo parecer flexionar, emprega-se o infinitivo impessoal: Parecias confiar nele- Pareces estar contrariado;
e - no caso do infinitivo formar com o verbo principal (verbo regente) uma só expressão, mesmo que os verbos estejam separados e o sujeito de ambos não forem os mesmo. Geralmente acontece com os denominados verbos causativos (deixar, mandar, fazer e sinônimos) ou com os verbos sensitivos (ver, sentir, ouvir e sinônimos) Deixar vir a mim as criancinhas - Pretendíamos fazer uma longa caminhada- Mandei-os entrar.