Geral

Historias de vida comum: " Grace” – A tartaruga

Por Terezinha Tagliaferro, de Malta  em 13 de junho de 2012 - 17:12

Era uma vez uma familia: o sr. Carlos, sua esposa Camila e o filho James. Um dia um amigo de Carlos viajou pra Africa e trouxe de presente para uma tartaruga ja grande.Como voces sabem a tartaruga vive até mais de 100 anos, nao sei quantos anos ela havia, mas ja era grande, toda esplendente na sua couraça.A principio o sr. Carlos estava preocupado em leva-la pra casa porque sua esposa nao queria animais pela casa, porém, quando viu a tartaruga ficou muito feliz e deram o nome de “Grace”.Para o filho James foi também uma grande felicidade poder contar com essa presença amiga.

O sr. Carlos era pintor de quadros e decidiu pintar a couraça da tartaruga, fazendo exatamente na linha central os quadrados bem coloridos, de modos que Grace era a unica da sua espécie a usar “tatuagem”.

Certo dia, ao entardecer o sr. Carlos notou uma mudança no tempo e pressentiu que viria uma noite dificil.Eles moravam numa regiao, nos Estados Unidos, onde freguentemente havia furacoes.Mesmo assim pra nao preocupar a familia aguardou o ultimo momento pra escapar.Levou a familia toda pra casa dos seus pais, so percebendo,quando estavam na metade do caminho, que haviam esquecido de Grace.

No dia seguinte retornaram a casa e viram que haviam feito bem em escapar pois os danos eram enormes, vidraças todas quebradas, telhas arrancadas,uma tragédia mesmo. Com muita tristeza viram que a casinha de Grace estava danificada e nao a encontraram por ali.Procuraram por varios dias, meses, anos,...e nada.Principalmente o sr. Carlos se sentia culpado e carregava essa dor consigo, a dor de te-la abandonado.So ai puderam sentir o quanto ela era importante pra eles e a relembravam sempre com saudades.Passaram-se 3 longos anos.

Nessas alturas pensaram o pior pois naqueles anos fez muita neve e Grace era uma tartaruga acostumada com o calor da Africa.

Durante esse periodo o sr.Carlos teve um cancer cerebral, que felizmente foi possivel operar, mas foi um grande sofrimento pra toda a familia.Sua esposa precisou sair a trabalhar pra poder sustentar a todos, enquanto o marido continuava a sua terapia muito dolorosa, deixando por completo sua pintura.

Um certo dia, numa cidade vizinha um sr. caminhando nas margens de uma rodovia, encontrou uma tartaruga, chamou a esposa e os filhos e lhes mostrou.Notaram que com aquela pintura no casco, era uma tartaruga especial, e isto significava que pertencia a alguém.Decidiu escrever uma placa e fixar numa pedra a beira da estrada. O cartao dizia apenas:” Encontrou-se uma tartaruga”.

Logo a noticia chegou até a familia do sr.Carlos, que imediatamente pegou o carro e a familia e foram verificar a tal noticia.

Voces podem imaginar a felicidade de todos eles, era proprio “Grace”.

Eu nao tenho experiencia com tartaruga, mas acredito que cada animal deve ter o senso de perceber que é amado.Fato esta que a levaram pra casa e ela foi o motivo pelo qual o sr.Carlos adquiriu uma nova vontade de viver, de lutar contra sua doença, de voltar a sua profissao de pintor.

Eles disseram que no comportamento da tartaruga se tem muito a aprender,principalmente pela sua calma, ela é lenta,leva a vida com tranquilidade e vive por tantos anos.Muitas vezes devemos nos analisar porque quando pretendemos certas coisas, nao é pra agora ou para amanha, ja é pra ontém.....Vivemos num ritmo acelerado e a pressa é inimiga da perfeiçao.

E preciso aprender a desejar as coisas, a sonhar em possuir, pois voce ja percebeu que a maior felicidade esta em desejar? Depois que conseguiu ja perde a graça.Quando mais sacrificado pra conseguir um objetivo, maior a felicidade, maior a valorizaçao.

Eu me recordo, por exemplo, que a primeira coisa que comprei na minha vida foi uma geladeira e um fogao, e eu ja havia meus 23 anos.Até entao, eu nunca havia tido nada de meu, por ter abraçado a vida religiosa desde muito pequena.Pra voce pode parecer banal, mas eu era feliz e me sentava perto dela pra ouvir o barulho do motor.A felicidade esta nas pequenas coisas do dia-a-dia.



Terezinha de Jesus Tagliaferro