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Explosões marcam dia sagrado no Iraque: 124 mortos
Explosões atingiram hoje xiitas em Bagdá e Kerbala durante seu dia mais sagrado, deixando pelo menos 124 mortos. Em Kerbala foram no mínimo cinco explosões. Em Bagdá, quatro explosões atingiram a mais importante mesquita xiita local. O encarregado administrativo da Embaixada do Brasil em Bagdá, Awni Al Deiri confirma o número de mortos e diz que há centenas de feridos, muitos deles em estado grave. Xiitas celebravam a Ashura, o décimo dia do mês muçulmano de Muharram. Nesse dia, de acordo com a tradição, o imã Hussein, neto do profeta Muhammad, foi morto em uma batalha ocorrida há mais de 13 séculos.
Awni afirma que os atentados suscitam no Iraque aquela contradição teocrática entre xiitas e sunitas, uma questão que sempre foi prevista acontecer no país: uma guerra civil". Os esforços da administração atual do país para unir xiitas e sunitas não têm dado certo porque há contradições teocráticas absolutistas e não relativas, o que significa que uma síntese entre as duas facções é impossível, diz Awni.
Ele ressalta que há vários interesses em jogo no país alguns, segundo ele, querem uma guerra civil, outros querem uma democracia, enquanto há, ainda, quem lute por uma federação iraquiana. Hoje o Iraque é um terreno de confrontos entre interesses regionais e interesses internacionais, afirma.
Estão sendo feitos reparos na infra-estrutura de telefonia de Bagdá e a situação do oferecimento de energia é de três horas de apagão, seguidas de seis horas com eletricidade. A infra-estrutura está melhorando, mas o problema maior é a segurança. O encarregado acredita que se a segurança no Iraque aumentasse, em dois ou três meses os problemas estruturais do país poderiam ser resolvidos. Mas o que há é a continuidade da insegurança total, diz Awni. Ele também afirma que ninguém ousa circular pelas ruas de Bagdá a partir das nove horas da noite, por causa dos assaltos.