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Fotogaleria: ex-governador Wilson Barbosa Martins morre aos 100 anos
Ex-prefeito da Capital e congressista, Dr. Wilson acompanhou parte da trajetória de criação de Mato Grosso do Sul. Morte se deu na casa do ex-governador e foi confirmada por sobrinho
Novo tempo - Nos anos de chumbo, ele se afasta da vida pública e passa a se dedicar a advocacia. No mesmo ano em que tem de volta seus direitos políticos, é eleito o primeiro presidente da OAB/MS (Ordem dos Advogados do Brasil, seccional Mato Grosso do Sul).
Logo após a criação do Estado de Mato Grosso do Sul, pelo então presidente Ernesto Geisel, ele volta a presidir o partido que ajudou a fundar, o MDB, que depois passou a ser chamado de PMDB.
Em 1982, após o irmão, Plínio Barbosa Martins se recusar a ser candidato da oposição, apesar do favoritismo. Dr. Wilson disputa a eleição e se torna o primeiro governador eleito pelo voto direto na história de Mato Grosso do Sul. Ele derrotou José Elias Moreira, o candidato do Governo, e sucede, pela primeira vez, o engenheiro Pedro Pedrossian. Os dois se tornam inimigos históricos. Para o peemedebista, o desafeto gastava muito e deixava obras por fazer.
Ele governou o Estado de 1983 a 86. Dr. Wilson fez uma gestão memorável que o projetou como favorito nas eleições seguintes. A administração pavimentou 2,5 mil quilômetros de rodovias, incluindo-se as rodovias federais BR-262 (entre Corumbá e Três Lagoas) e a BR-163 (entre Dourados e a divisa do Paraná).
Dr. Wilson teve bom trânsito com o então ministro da Fazenda, Delfim Neto, e viabilizou recursos para implementar uma política de valorização do funcionalismo público estadual.
Em 1986, ele renunciou para disputar uma vaga no Senado e deixou o Governo para Ramez Tebet (PMDB). Eleito senador para o período de 1987-1994, ele foi um dos integrantes da Constituinte de 1988. Um dos companheiros de Senado foi Mário Covas, que se elegeria governador de São Paulo.
Segundo mandato - Em 1994, ele disputa o Governo com Levi Dias e vence com 392,3 mil votos. No entanto, o segundo mandato de Martins é marcado por problemas. Ele herda, pela segunda vez, a administração de Pedro Pedrossian, que deixa várias obras inacabadas, como o Parque das Nações Indígenas, o Hospital Regional de Mato Grosso do Sul, o Parque do Produtor (que se transformou no Shopping Norte Sul na gestão de André Puccinelli) e a Estação Rodoviária de Campo Grande no Jardim Cabreúva (que não concluída até hoje).
Em entrevista, Wilson Martins admite que a segunda administração foi "um Governo marcado por crises". Ele comandou a renegociação da dívida pública do Estado com o Governo federal, então comandado por Fernando Henrique Cardoso (PSDB), um aliado. O acordo compromete, até hoje, 15% da receita corrente líquida com o pagamento da dívida. "As regras eram uniformes", justificou-se o ex-governador.
Ele também comandou a venda da Enersul (Empresa Energética de Mato Grosso do Sul) por R$ 700 milhões. O dinheiro foi usado para pagar salários dos funcionários e débitos do Goveno estadual. Ele transferiu o cargo para o candidato da oposição, Zeca do PT, e se despede da vida pública.
Academia – Em 2010, lança seu livro “Memória – Janela da História” e é eleito para ocupar a cadeira nº 38 da ASL (Academia Sul-Mato-Grossense de Letras), que antes era ocupado por sua falecida esposa, também escritora.
Com o passar dos anos e a saúde frágil, Wilson se tornou mais recluso. Em 2013, foi internado após um AVC (acidente vascular cerebral), e no ano seguinte sofreu um mal súbito. Mesmo assim, manteve-se lúcido. Em 2017, quando da comemoração de seu centenário, não compareceu a diferentes eventos em sua homenagem.
Wilson foi casado com a escritora e artista plástica Nelly Martins,que faleceu em 2003. Teve com ela três filhos: Thaís, Celina e Nelson.