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Dia do Professor : pequenos estrategistas em MS

Por Christiane Peres/ABr  em 15 de outubro de 2004 - 07:45

Numa escola de pau-a-pique, distante do centro urbano de Novo Mundo (MS), o professor Helter Alexandre, 25 anos, enfrentou o desafio de ensinar 16 crianças pobres, de segunda à quarta série, a desenvolver o raciocínio lógico por meio de um jogo estratégico: o xadrez. O professor mostrou que, mesmo na dificuldade, é possível transformar a educação, oferecendo novas expectativas aos alunos. Com o jogo, ele descobriu que poderia estimular as crianças, fazendo com que elas melhorassem o rendimento escolar.

Helter conta que os estudantes passaram a desenvolver o lado investigativo e crítico. “Eles não esperavam pelo professor, se não tinham a resposta, sabiam onde deviam procurar”, revela. Ele explica que o jogo de xadrez transformou a sala de aula num ”laboratório do saber”. “O conhecimento não era simplesmente transmitido. Nós construímos juntos. Eu trazia novos elementos para a classe e eles faziam o mesmo”.

A acomodação, segundo Helter, foi o principal empecilho encontrado no início do trabalho. As crianças tinham preguiça de procurar as respostas e queriam tudo na mão. Hoje em dia, eles já não esperam mais as respostas e têm a iniciativa da pesquisa.

Helter diz que somente o aprendizado do xadrez não é suficiente. “Por mais que eles saibam jogar xadrez, eles nunca vão saber de tudo”, afirma o professor, que também procura lançar as noções básicas da filosofia para os alunos. Ele ensina "Sócrates" na tentativa de mostrar que a busca do conhecimento é constante.

Segundo Helter, os pais dos estudantes resistiram ao projeto num primeiro momento. “Eles não acreditavam. Diziam que escola não era lugar para ficar jogando”. Com o tempo, a melhoria do desempenho das crianças fez com que os pais se motivassem, o que resultou na reforma e ampliação da escola.