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Delcídio diz que fica na oposição

Por Cadú Bortolotto  em 03 de outubro de 2006 - 07:53

Em sua primeira entrevista coletiva depois de concluído o processo eleitoral, o senador Delcídio do Amaral, deixou claro nesta segunda-feira o papel que pretende exercer a partir de agora em relação ao futuro governo do Estado.

- Vou cumprir o papel que as urnas me conferiram. Fiscalizar, manter uma postura crítica em relação ao futuro governador. Quem me conhece sabe que eu não guardo ódio, nem tenho inimigos, mas acho que é preciso acabar com esta história , muito comum aqui em Mato Grosso do Sul, de que, a cada troca de governo, quem perdeu a eleição se alinha quase que automaticamente com quem venceu a disputa. Nós temos lado e estamos marcando posição. O que fortalece a democracia é exatamente a alternância de poder e a existência de uma oposição firme e conseqüente, que possa se contrapor. Não seria coerente sair do enfrentamento eleitoral e compor com o adversário - avalia Delcidio, que fez questão de ressaltar que terá um relacionamento educado e civilizado com quem vai assumir o Governo.

- Sou um homem educado e generoso. Não é característica de minha personalidade xingar as pessoas ou ter ataques histéricos - afirmou o senador, garantindo que pretende telefonar para o futuro governador e cumprimentá-lo pela vitória. Delcidio disse também que vai continuar cumprindo seu papel de senador, defendendo os interesses do Estado, viabilizando recursos para obras de infra-estrutura e projetos sociais, sem olhar para o partido do governador ou do prefeito que administra a cidade beneficiada.

O senador vai requerer judicialmente investigação sobre algumas pesquisas eleitorais que na sua avaliação, acabaram induzindo o eleitor a acreditar que a disputa estava definida.

- Às vésperas da eleição saiu uma pesquisa que me dava 29% das intenções de voto e dizia que meu adversário teria 68% dos votos. Na apuração constatou-se que o resultado foi bastante diferente, com uma diferença muito menor. E isso não aconteceu só aqui em Mato Grosso do Sul, mas na Bahia e no Rio Grande do Sul, para citar apenas alguns exemplos. Por isso é preciso olhar esse assunto com muita atenção e tomar as providências necessárias para que isso não ocorra mais – afirmou.

Ao fazer uma avaliação do resultado, Delcidio diz que seu desempenho e de toda coligação foi expressivo, superando inclusive a média histórica da votação do PT no estado, que gira em torno de 22 %. Em Campo Grande ele obteve 31% dos votos e em todo o estado 38 %. O desempenho de Delcídio foi também o melhor entre os candidatos a governador do PT nas demais regiões do país, à exceção dos 4 petistas que conseguiram se eleger no primeiro turno.

- Conseguimos este resultado mesmo enfrentado problemas de estrutura - admite Delcidio, que lembra que sua caminhada começou atrasada por causa do trabalho a frente da CPMI dos Correios , enquanto o adversário "fez campanha nos últimos 10 anos, 8 como prefeito da capital e dois como pré-candidato ao governo, andando livre, leve e solto" .

Para Delcídio, as eleições deste ano fortaleceram seu capital político.

- Considero que tivemos uma derrota eleitoral, não uma derrota política. Nós conseguimos unir o PT e acumulamos um capital político que começa de um patamar de 450 mil votos, semelhante ao que obtivemos para o Senado em 2002, e é suficiente para construir um projeto viável para as disputas de 2008 e 2010 - concluiu Delcidio.