Geral

Campanha em 11 cidades alerta para os riscos da hepatite

Por Gláucia Gomes/ABr  em 10 de novembro de 2007 - 15:44

Brasília - As Sociedades Brasileiras de Infectologia, de Hepatologia e Medicina Tropical estão mobilizadas hoje (10) em vários estados para alertar a população sobre os riscos da hepatite B. Onze cidades – São Paulo, Santos, Rio de Janeiro, Brasília, Belo Horizonte, Belém, Manaus, Porto Velho, Rio Branco, Recife e Florianópolis – promoverão atividades de conscientização e realização de exames de sangue gratuitos na população.

De acordo com dados dessas sociedades médicas, a doença é provocada por vírus e hoje atinge três vezes mais brasileiros que a aids.

A vacina, explicou a vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (Sbim), Izabella Ballalai, deixou de ser apenas para crianças e deve ser levada aos adolescentes e aos adultos, por ser "uma doença grave". E está disponível, "basta ir a uma sala de vacinação em postos de saúde."

O governo, acrescentou, em entrevista à Rádio Nacional da Amazônia, está estudando cinco vacinas para a inclusão de pelo menos uma delas no Programa Nacional de Imunizações. São as vacinas contra a hepatite A, a varicela ou catapora, a meningite pneumocócica e a meningocócica, e contra o HPV, vírus que pode causar câncer do colo do útero.

Segundo Izabela Ballalai, "muita gente se preocupa com a hepatite C e não sabe que a hepatite B pode ser tão grave: é uma das causas do câncer de fígado e da cirrose, e um problema sério na região amazônica".


Entre as doenças que ainda são ameaça à saúde pública, ela destacou a poliomielite, que ainda não atingiu 100% das crianças vacinadas; o sarampo, que para continuar controlado depende que o adulto procure os postos de saúde para se vacinar; e a rubéola congênita. Sobre esta, alertou que onde mulheres e crianças já foram vacinadas, é preciso que os homens também se vacinem. “Com a vacina tríplice viral, disponível nos postos de saúde, eles também se vacinarão contra o sarampo e a caxumba", lembrou.

O médico Raimundo Paraná, pesquisador e coordenador do Grupo de Estudos Brasil-França sobre Hepatite B, disse que esta doença já atinge 2 milhões de brasileiros. E explicou como pode ser transmitida: "Predomina a via sexual, mas pode ocorrer no parto, se a mãe é portadora do vírus, ou no compartilhamento de instrumentos cortantes e de higiene pessoal."

Ele alertou que doença não tem cura e que "o indivíduo pode permanecer com o vírus no organismo durante muito tempo, daí a necessidade de levar a informação a população”.

A quantidade de pessoas contaminadas pelas hepatites virais, tanto a tipo B quanto a tipo C no Brasil, segundo o médico, é muito superior à de pessoas contaminadas pelo HIV. E "o número de mortes direta ou indiretamente associadas às hepatites virais no mundo todo também é superior ao de mortes causadas pelo HIV, sobretudo na atualidade quando o HIV tem tratamento que permite uma vida longa e de qualidade ao paciente”.

No país, segundo o médico, as áreas mais afetadas são os estados de Roraima, parte do estado do Amazonas, Acre e Rondônia. Ele destacou a importância do diagnóstico precoce, não só para identificar a necessidade de tratamento quando a doença está ativa, mas também para rastrear precocemente o aparecimento de tumores no fígado.