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Brasil avança no combate ao trabalho infantil

Por Cecília Jorge / ABr  em 11 de junho de 2004 - 14:06

O coordenador nacional do programa de eliminação do trabalho infantil da Organização Internacional do Trabalho (OIT), Pedro Américo, avalia que o Brasil avançou, de forma significativa, no combate ao trabalho infantil, nos últimos dez anos. Pedro Américo acredita que o compromisso político das autoridades públicas e a mobilização da sociedade civil foram responsáveis pela retirada de três milhões de crianças do mundo do trabalho.

Mesmo assim, existem ainda mais de cinco milhões de trabalhadores brasileiros com idade entre 5 e 17 anos, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No mundo, a OIT calcula que sejam 240 milhões de trabalhadores infantis.

Neste sábado, o Brasil participa da mobilização do Dia Mundial de Combate ao Trabalho Infantil. Esse é o terceiro ano de celebração da data e o tema escolhido é o trabalho infantil doméstico. De acordo com a OIT, 500 mil crianças estão nesta atividade, no Brasil.

Pedro Américo explica que o trabalho doméstico prejudica, principalmente, os estudos das crianças submetidas a empregos domésticos. “Muitas delas estão numa situação de exploração visível, numa longa jornada de trabalho. Ainda que muitas mães e patrões tragam essas crianças para brincar com seus filhos, muitas vezes, essas crianças não somente brincam com os filhos desses patrões, mas também cozinham para esses filhos, limpam para esses filhos e acabam, num segundo momento, também cozinhando para toda a família. Isso faz com que essa criança não tenha condições – nem tempo, nem disposição – para poder estar ocupando os bancos escolares”, afirmou.

O coordenador da OIT acrescenta que essa exploração traz também conseqüências emocionais. “Uma vez retiradas de forma indesejada ou involuntária da sua família de origem, essas meninas estão obrigadas a criar laços afetivos e emocionais, já aos dez anos de idade, com uma família que não é a dela. Ela se sente parcialmente da família, mas sabe que não é da família porque dorme debaixo do tanque. Ela não come junto com os meninos que tem que brincar”, explica Pedro Américo.

Como parte da mobilização deste dia 12, tem início, neste sábado, a Caravana Nacional Pela Erradicação do Trabalho Infantil, que parte do Rio Grande do Sul. A caravana chega a Brasília dia 29 de novembro. Nestes cinco meses, os adolescentes que vão participar da caravana vão passar por todos os estados cobrando o compromisso das autoridades em implantar políticas públicas para acabar com a mão-de-obra infantil em sua região.