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Aumento de diarréia está associado a chuvas

Por Agência Notisa  em 19 de fevereiro de 2005 - 09:55

Em Fortaleza, maior número de casos da doença registrados acontece entre os meses de fevereiro e maio. Aumento estaria associado à contaminação dos lençóis freáticos.

Cerca de dois milhões de crianças morrem a cada ano nos países subdesenvolvidos em conseqüência de doenças diarréicas, segunda maior causa de morte em crianças com menos de cinco anos de idade. As complicações mais freqüentes decorrem da desidratação e do desequilíbrio hidroeletrolítico. No Brasil, os maiores índices de crianças acometidas pela diarréia são encontrados nas regiões de piores condições sanitárias e boa parte das incidências está relacionada ao período de chuvas. Isso é o que mostram Mônica Façanha, da Universidade Federal do Ceará, e Alicemaria Pinheiro, da Secretaria municipal de Saúde de Fortaleza, em um estudo que objetivou descrever a distribuição das doenças diarréicas agudas por mês e ano, sua relação com os índices de pluviosidade, incidência por faixa etária e o plano de tratamento utilizado em unidades de saúde públicas na capital cearense.

De acordo com artigo publicado na edição de janeiro/fevereiro de 2005 dos Cadernos de Saúde Pública, ``o aumento do índice de contaminação bacteriológica de águas de poços do lençol freático superficial está associado às chuvas, uma vez que elas provocam, durante o processo de escoamento, maior carregamento de excretas humanos e de animais. Dessa forma, o uso da água não tratada aumenta a freqüência de diarréias no período chuvoso``. Os dados utilizados na pesquisa englobaram as informações semanais, de 1996 a 2001, de 100 unidades de saúde de Fortaleza, que atendem cerca de 70% da população da cidade.

As pesquisadoras constataram cerca de 489 mil casos de doenças diarréicas agudas no período. Segundo elas, os primeiros meses do ano, especialmente fevereiro e março, apresentaram médias mais altas que as observadas no segundo semestre, mais especificamente a partir de junho. ``Quando se compara a média mensal de pluviosidade com a incidência de diarréias agudas, observa-se uma associação temporal entre a intensidade das chuvas e o número de casos``, afirmam no artigo.
Mônica e Alicemaria também observaram que as crianças com idade até quatro anos foram as mais afetadas pelas doenças diarréicas. No entanto, 65,0% dos pacientes foram tratados com líquidos caseiros no domicílio, o que corresponde à ausência de sinais de desidratação. Os casos mais graves foram registrados em 14,0% dos pacientes, onde foi necessária a indicação de reidratação venosa.

Dessa forma, elas alertam para o fato de a diarréia ainda ser um importante motivo de procura das unidades de saúde para assistência médica em Fortaleza, principalmente entre fevereiro e maio, período do ano mais chuvoso no município. ``O aumento no número de casos de diarréia, logo depois dos picos de pluviosidade, pode estar associado à ingestão de águas de fontes diferentes das habituais, à contaminação do lençol freático por fossas sépticas ou à circulação de outros agentes etiológicos``, explicam no artigo.

Agência Notisa (jornalismo científico - science journalism)