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Após 1 mês de estiagem, frente fria pode trazer chuva

Por Fernanda Mathias/Campo Grande News  em 18 de maio de 2006 - 10:20

Depois de dias 30 sem chuva em alguns municípios, a estiagem deve dar uma trégua em Mato Grosso do Sul, segundo previsão do meteorologista do Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia), Mamedes Luiz Melo. Nova frente fria, vinda do Sul do País, já está chegando ao Estado e a previsão é que amanhã ocorra chuvas no Oeste e Sul de Mato Grosso do Sul e nos próximos dias em todo o Estado. A chuva é decisiva para que as perdas da safrinha de milho, que já estão estimadas em pelo menos 10%, em função da estiagem, não sejam ainda maiores.

A frente deve provocar queda especialmente na temperatura máxima. Hoje oscila entre 28ºC e 32º no Sul do Estado e no sábado não deverá passar de 24ºC. As chuvas devem permanecer no Estado até o dia 25 de maio e a partir do dia 26 a umidade volta a cair no Norte e Nordeste de Mato Grosso do Sul. Já no Oeste e Sul a umidade deve se manter em alta até o dia 2 de junho. As temperaturas tendem também a ficar mais baixas durante as madrugadas.

O responsável pelo Núcleo de Agrometeorologia da Embrapa Agropecuária Oeste, de Dourados, Cláudio Lazzarotto, diz que as expectativas não são tão otimistas quanto ao volume de chuvas, mas ainda assim há uma forte torcida para que elas venham. A tendência, afirma, é que chova neste fim de semana 20 milímetros, o que seria suficiente se houvesse novas previsões de chuvas para os próximos 10 dias. Como não há, afirma, o ideal seria que chovesse 40 milímetros.

Segundo Lazzarotto, a situação do campo em relação ao estresse hídrico é ainda mais desconfortável que no mesmo período do ano passado, embora as temperaturas não estejam tão elevadas. Isso porque maio do ano passado foi um mês atípico, com mais chuvas. Por outro lado, ocorreram geadas em maio de 2005. O agrometeorologista ressalta que em alguns municípios não chove há mais de 30 dias, principalmente na região do extremo sul, do Vale do Rio Paraná e Nova Andradina. “Em Dourados estamos há 20 dias sem chuvas e isso agrava a situação da agricultura, onde temos o milho safrinha com muitas lavouras comprometidas e outras recuperadas”, afirma.

Pelo menos 10% de perdas já podem ser computados, afirma. Porém, nesta fase não há como mensurar as perdas, porque a idade das plantas é muito variável. Nas lavouras com fase de florescimento e início de formação dos grãos o risco é de ocorrerem perdas de até 80%, já as que não chegaram nesta fase sentem impacto bem menor, de 10%.

A vinda das chuvas também melhora a qualidade de vida da população, que vem convivendo com índices de umidade extremamente baixos, a 20%, quando o considerado ideal é de 65% 70%. Por conta disso, problemas respiratórios são recorrentes no período, promovendo uma corrida aos postos de saúde e hospitais. Mais vulneráveis, crianças e idosos são as principais vítimas. Esta manhã na Santa Casa estão na ala de pediatria 34 crianças e outras 58 no 6º andar da pediatria, o que é considerável. Segundo o hospital, muitas mães chegam ao local reclamando da falta de pediatras em postos de saúde.