Geral
Alcides Silva: Língua Portuguesa, inculta e bela!
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Na linguagem coloquial, no uso comum do dia-a-a, na língua falada, está ficando comum o emprego do verbo assistir sem preposição em todas as suas significações. No padrão escrito da língua não é bem assim, posto que conforme a regência será o significado do verbo assistir.
Regência é a relação de dependência entre o verbo e seu complemento.
O verbo assistir pode ser transitivo indireto, transitivo direto e intransitivo. Transitivo indireto: quando significa ver, presenciar, caber, pertencer e exige complemento com a preposição a. Transitivo direto: quando significa socorrer, ajudar e exige complemento sem preposição. Intransitivo: quando significa morar exige a preposição em.
O verbo assistir exige objeto indireto introduzido pela preposição a quando o seu sentido for de presenciar, de ver, ser espectador: Assisto aos jogos pela televisão,
Se o objeto indireto for representado por pronome da 3ª pessoa, exigirá a ele ou a ela (singular ou plural, conforme o caso): O filme era bom e muitos assistiram a ele. Em frases como esta e em outras formadas pelos verbos aspirar, presidir, não se admite a forma pronominal lhe: Glória, nós aspiramos a ela (e não nós lhe aspiramos). Aquela missa, nós assistimos a ela.
Já quando o sentido for de ajudar, prestar assistência ou socorrer, o verbo será transitivo direto e não necessitará de preposição para ligá-lo ao seu complemento: A enfermeira assistiu o doente. Dois advogados assistiram o réu em seu julgamento.
O verbo assistir ainda pode significar caber ou favorecer, e, aí, será empregado como transitivo indireto, exigindo preposição ou pronome pessoal oblíquo. Esse é um direito que assiste aos eleitores.
Finalmente, o verbo assistir tem, embora de pouquíssimo uso, o significado de residir, morar, habitar, e aí, será regido pela preposição em: \"Você então está assistindo por aqui, neste começo de Gerais?\" (Guimarães Rosa, Corpo de Baile, II).