Geral
A criação de MS no contexto histórico
Criado em 11 de outubro de 1977, o surgimento do Estado de Mato Grosso do Sul ainda é analisado, nos dias atuais, no contexto do governo militar, "pois tudo indica que foi uma estratégia dos militares (Lei Falcão, pacote de abril), primeiramente, garantir a eleição do general João Baptista Figueiredo e, logo em seguida, obter igualmente uma maior bancada no Congresso Nacional" que levou a esse fato, conforme escreve o mestrando em História da UFGD (Universidade Federal da Grande Dourados), Carlos Mieres Amarilha.
A partir de estudos feitos com historiadores ao longo desses 29 anos, Amarilha recorre a um trabalho produzido pela professora e também historiadora Marisa Bittar, por sinal filha de Campo Grande, então candidata a ser o nome do novo Estado. Ela assinala que o governo mato-grossense aceitou o regime militar, por acreditar que obteria uma melhoria regional. Para Marisa Bittar, os governos militares pós-64 estavam bem apetrechados de estudos geopolíticos sobre o Centro-Oeste. A lógica do progresso e do desenvolvimentismo, como se observou, vinculada intimamente ao conceito de segurança nacional não descuidaria dos destinos de Mato Grosso.
De acordo com a historiadora, como descreve Amarilha, tão logo assumiu a presidência da República, o general Ernesto Geisel (1974-1978), que na juventude engajara-se na Revolução de 1930 e exercera funções de secretário de Estado, primeiro no Rio Grande do Norte, e, depois, na Paraíba, integrando-se, em 1932, às forças legalistas contra São Paulo, deu mostras de que estaria disposto a intervir na configuração geográfica de algumas partes do país, tanto que sua primeira medida respeitante ao assunto foi a fusão Guanabara-Estado do Rio de Janeiro, medida que se enquadrou perfeitamente no panorama geopolítico desenhado por Golbery [o então super-ministro e eminência parda do regime]
Segundo o estudo, o Governo Federal encontrou logo o apoio que precisava dos próprios políticos do então sul de Mato Grosso para satisfazer esses propósitos. Para a historiadora Marisa Bittar, a criação do Estado de Mato Grosso do Sul atendeu aos objetivos da classe ruralista campo-grandense, mas o presidente militar Ernesto Geisel, "também levou em conta fatores políticos. Sabia ele que, ao criar uma unidade federativa ali, contaria com um governo e toda a estrutura política regional, a favor do regime, que já se encontrava em seus momentos de exaustão procurando uma auto-reforma para manter-se".